Thomas Berry, C.P. (Greensboro, 9 de novembro de 1914 – ibid., 1 de junho de 2009) foi um sacerdote católico norte-americano da ordem Passionista, historiador cultural e eco-teólogo (embora preferisse ser descrito como cosmólogo e “Acadêmico da Terra”).

 Dentre os defensores da ecologia profunda e "eco-espiritualidade", é conhecido por propor que um entendimento profundo da história e do funcionamento do universo em evolução é a inspiração e orientação necessária para o nosso próprio funcionamento como indivíduos e como espécie.

Nascido William Nathan Berry em Greensboro, Carolina do Norte, Thomas Berry foi o terceiro de 13 irmãos. Aos oito anos, concluiu que os valores comerciais ameaçavam a vida na Terra. Em seu principal livro, "The Great Work", Thomas Berry conta como, três anos mais tarde, ao explorar os campos que circundavam sua nova residência, ainda inacabada, teve uma epifania que influenciou profundamente seu pensamento e sua atitude em relação à vida. "Tudo o que preserva e aperfeiçoa esse campo nos ciclos naturais de sua transformação é bom", escreve ele, "tudo o que se opõe a esse campo ou o nega não é bom". Mais tarde, Berry elaborou essa experiência através de um conjunto de doze princípios para o entendimento do universo e o papel do ser humano no processo do universo. O primeiro princípio reza que:

"O universo, o sistema solar e o planeta Terra em si e em sua emergência evolutiva constituem, para a comunidade humana, a principal revelação do mistério fundamental a partir do qual todas as coisas surgem."


Thomas Berry faleceu aos 94 anos. Influente ambientalista, filósofo e teólogo criou o conceito de Era Ecozóica
2009-06-04

Thomas Berry, padre Católico de formação, reconhecido ambientalista e filósofo, faleceu na passada segunda-feira, aos 94 anos, na sua terra natal, Greensboro, na Carolina do Norte, Estados Unidos da América. Nascido a 9 de Novembro de 1914, Thomas Berry foi acima de tudo um pensador independente que conseguiu o reconhecimento em inúmeras áreas, desde a Filosofia à Ecologia, passando pela História e a Religião.

  É considerado o mentor de inúmeros pensadores contemporâneos e escreveu dezenas de livros, nenhum deles editado em Portugal, como «The Religions of India» (1972), «The Dream of the Earth» (1988) ou «The Universe Story: From the Primordial Flaring Forth to the Ecozoic Era, A Celebration of the Unfolding of the Cosmos» (1992), com o físico Brian Swimme.

 Os livros de Thomas Berry inspiraram académicos e ambientalistas a explorar a interligação da religião, da natureza humana e da ecologia. Apesar da ter formação católica e ser especialista em tradições religiosas, Berry preferia não ser designado como padre, mas antes de cosmólogo e “académico da Terra”. Na verdade, largou a vida monástica para se dedicar ao estudo da História das Religiões e da Cultura.

   Nos anos 80, escreveu uma série de livros onde relacionava a evolução cultural e espiritual com a história natural dos planetas e do universo. Michael Colebrook, um especialista da sua obra, explica os elementos chave do seu pensamento (na obra «Thomas Berry, Geologian»).

  Primeiro, Berry sublinha o lugar primordial do universo: “O universo é a única realidade auto-referencial no mundo fenomenológico. É o único texto sem contexto. Tudo o resto tem de ser visto no contexto do universo". O segundo elemento é o significado da história, em particular do universo enquanto história. “A história do universo é a quintessência da realidade. Nós sentimos a história e organizámo-la na nossa linguagem. Os pássaros e as árvores organizam-na na sua própria linguagem. Tudo conta a história do universo porque esta está impressa em todo o lado e por isso é tão importante conhecê-la. Quem não conhece a história, num certo sentido não se conhece a si mesmo nem conhece nada”.

  Thomas Berry foi a primeira e mais importante voz a descrever os resultados da profunda separação entre o ser humano e o mundo natural e do impacto que esse fenómeno tem no futuro da nossa espécie. O cosmólogo acreditava que a humanidade, depois de passar gerações a gloriar-se a si própria e a despojar o mundo, irá chegar a um ponto de equilíbrio e abraçar o seu papel como uma parte vital de algo maior – o Cosmos – onde a interdependência e a comunhão com os outros elementos que o constituem é essencial. O resultado disso será uma nova era, a que ele chama Era Ecozóica.

 Da Religião à Ecologia

  Thomas Berry foi ordenado padre em 1942 mas prosseguiu a vida académica, doutorando-se na Universidade Católica Americana com uma dissertação sobre Filosofia e História. Em 1948 mudou-se para a China para ensinar na Universidade Fu Jen, de Pequim. Com a ascensão de Mao Zedong viu-se obrigado a voltar para os Estados Unidos apenas um ano depois. Estudou língua e cultura chinesa na Seton Hall University, bem como sânscrito e cultura asiática na Universidade de Columbia. Foi também capelão do Exército norte-americano entre 1951 e 1954, na Alemanha.

  Entre 1966 e 1979, ensinou na Fordham University, onde criou um doutoramento em História das Religiões. Alguns dos seus alunos fundaram um movimento focado nos temas da Religião e da Ecologia. Mais tarde, Berry organizou uma série de conferências internacionais com temas bastante provocatórios, entre elas, a que intitulou de «Energia e as suas dimensões cósmico-humanas».
  Escreveu dois livros sobre religiões asiáticas – «Buddhism», 1966, e «Religions of India», em 1971. Contudo, tornou-se particularmente conhecido pelos seus livros sobre o lugar do ser humano no Cosmos, como é exemplo «The Dream of the Earth», de 1988. Outro dos seus livros mais conhecidos é «The Great Work: Our Way Into the Future», publicado em 1999.

fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=32247&op=all


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