Todos nós sonhamos com uma existência plena de felicidade, paz e harmonia. Embora esta paz se encontre ao nosso alcance todo tempo, poucos são os que sabem realmente viver em paz, pois ignoram onde ela se encontra.
Muitos são os que a procuram no companheiro, no marido ou na esposa, nas honrarias de um título de doutor ou de alto executivo, num partido político, numa ideologia, no Japão ou no Himalaia.
Eles acabam não encontrando o que procuravam e continuam infelizes, brigando com todo mundo, procurando refúgio num excesso de atividade e trabalho febril, acabando estressados e doentes.
Hoje, graças ao encontro da medicina psicossomática moderna e das novas terapias, com a sabedoria vinda do oriente e das grandes tradições espirituais, se sabe quais as grandes áreas em que se pode atuar para encontrar esta paz que perdemos, pois poucos são os pais e educadores contemporâneos que ainda possuem estes conhecimentos e estão realmente em condições de transmiti-los aos seus filhos ou educandos.
Onde podemos pois encontrar paz e serenidade?
O que vem a seguir constitui para você, leitor, uma verdadeira dádiva, um precioso tesouro ao alcance de quem se dispõe a assumir entrar a fundo, seguindo as indicações e conclusões destas descobertas que estão ao alcance de qualquer um. Trata-se do que começa a ser conhecido como as TRÊS ECOLOGIAS ou ainda as TRÊS CONSCIÊNCIAS.
AS TRÊS ECOLOGIAS E AS TRÊS CONSCIÊNCIAS
Existem três direções nas quais podemos enxergar a Paz. Cada uma delas necessita de um forma de consciência e de um tipo de ecologia.
A primeira é consigo mesmo, ou melhor ainda, dentro de cada um. Há momentos em que estamos em paz e há outros em que estamos tensos e agitados, nem sempre sabendo porque.
Há por conseguinte, necessidade da consciência individual para definir e localizar a paz dentro de nós mesmos para em seguida dizer como alcançá-la. É o que se chama de ecologia interior ou ecologia do ser, que se apoia na consciência individual. A ecologia individual é o estado de harmonia do ser pessoal.
A segunda direção é a Paz com os outros. Esta paz também é instável nas nossas relações com marido, mulher, amigos, colegas, pais e filhos etc.
Como se carateriza esta paz e como torná-la estável? Eis uma questão de ecologia social, isto é, de harmonia com a sociedade e dentro dela. A ecologia social pressupõe, exige e depende da consciência social de cada cidadão e de uma consciência social coletiva maior do que a soma das consciências individuais.
Enfim, há uma questão bastante séria e vital para nós, é a Paz com o meio ambiente em que vivemos, com a natureza em torno de nós. Poucas pessoas até hoje tem uma idéia clara de que jogar o nosso lixo num riacho ou usar um spray consiste numa violência com a natureza e que é uma forma de contribuir para o nosso próprio suicídio, como membros da humanidade.
A Paz na ecologia ambiental e como contribuir para ela é a terceira questão essencial para vivermos com qualidade.
A ecologia ambiental é um estado de equilíbrio dos ecossistemas. Este equilíbrio, tudo o indica, é uma expressão da Consciência do Universo. Com a intervenção destrutiva, pelo ser humano, do equilíbrio ecológico, foi e continua sendo indispensável o despertar da consciência ecológica individual em cada cidadão do planeta.
RODA DA ARTE DE VIVER EM PAZ
A Roda da Arte de Viver em Paz nos mostra o quanto são interdependentes os diferentes tipos de consciência, de ecologia e de Vivência da Paz. No centro dela encontra-se a consciência do próprio universo, ou Universo Auto Consciente. Vamos então iniciar com a arte de viver em paz consigo mesmo.
A ARTE DE VIVER EM PAZ CONSIGO MESMO. UMA QUESTÃO DE ECOLOGIA INTERNA
Como já o expressamos, a maior parte das pessoas procura a Paz fora de si. Quando foi fundada a UNESCO, como organismo das Nações Unidas responsável pela educação, ciência e cultura no mundo, no seu preâmbulo se declarou que a violência e as guerras nascem no espírito dos seres humanos, e que as defesas da Paz precisam ser erguidas no seu espírito.
Na realidade não há nada a "erguer", pois a paz sempre está ali; mas deixamos de enxergá-la, pois ninguém nos mostrou onde ela está. Para descobrí-la, precisamos saber que isto exige uma tomada de consciência de onde e como encontrá- la.
Há três grandes espaços do nosso ser mais íntimo, onde podemos encontrar a paz: O nosso corpo físico, o nosso espaço emocional e a nossa mente. Vamos, para cada um destes níveis, mostrar como, de maneira bem concreta, podemos experienciar e vivenciar a paz.
A PAZ DO CORPO
Esta pode ser experienciada, isto é, vivenciada através do relaxamento. Vivemos constantemente numa agitação às vezes frenética. As nossas emoções destrutivas como a raiva ou o ciúme, criam tensões no nosso corpo, a resposta a estas tensões é o relaxamento.
Relaxamento se aprende; mas você pode fazer a experiência agora, durante esta leitura. Basta para isto fechar os olhos, ficar bem à vontade, dar umas três inspirações profundas, soltar os músculos, imaginar que você está num lugar ideal de descanso como uma praia ou uma rede na montanha.
Fique uns dez minutos neste estado relaxado. Tome consciência do seu estado físico-geral. "Bem estar, descontraído, em paz, à vontade, solto, repousado", são entre outras as declarações dos que estão saindo de um relaxamento.
Para você realmente entender do que se trata, é indicado fazer esta experiência agora.
Caso você tenha gostado, convêm você fazer um curso de relaxamento ou mesmo de yoga. A sua vida vai mudar se você resolver praticar relaxamento todos os dias, de manhã à noite.
Esta melhora será muito maior ainda se você for tratar da fonte das tensões musculares, as emoções destrutivas. É disto que vamos tratar agora.
A PAZ DO CORAÇÃO
Porque e como lidar com as emoções destrutivas?
Se você quiser despertar a paz do seu coração, aprenda a lidar com as suas emoções destrutivas.
O estudo das causas do estresse indica as emoções destrutivas como sendo as grandes causadoras do estresse.
Que emoções são estas? Podemos definí-las como as que causam conflitos com os outros e para si mesmo, são as expressões internas e externas das nossa neuroses. Uma boa definição do neurótico é a que o descreve como uma pessoa que sofre e faz os outros sofrerem; e o que faz sofrer os outros, senão o ciúme, o apego exagerado as coisas, pessoas ou mesmo ideias, a rejeição e a raiva, o orgulho e a indiferença?.
Nas próximas semanas observe bem você mesmo e os outros ao redor de si. E veja se o que está sendo questionado aqui não corresponde a uma grande verdade.
Como então lidar com estas emoções já que elas são tão destrutivas?
Grande parte da humanidade costuma se deixar levar por elas, perdendo o auto controle. Tomemos como exemplo a raiva; elas gritam, ofendem, magoam, muitas vezes a quem amam e depois se sentem culpadas e sofrem. Podemos afirmar que isto não é uma boa solução.
Outras pessoas, assumem um comportamento oposto: achando que a raiva é uma emoção feia e repreensível, rechaçam e recalcam o seu sentimento de rejeição. Continuam cheias de mágoas e de ressentimentos não expressos. Repetindo esta maneira de ser durante meses ou mesmo anos, acabam estressadas, somatisando a sua raiva contida sob forma de úlcera duodenal ou de enfarto do miocárdio. Então esta também não uma solução.
O que fazer então, agredir ao outro ou agredir a si mesmo resultando em sofrimento?
Existe uma terceira alternativa, uma espécie de caminho do meio. Em vez de soltar a raiva ou de dominá-la, existe uma solução bastante esperta: simplesmente tomar consciência dela e deixá-la passar, como uma nuvem de tempestade passa, deixa o sol brilhar novamente e o céu ficar azul.
É claro que você precisará de certo tempo, algumas semanas ou meses para conseguir um bom resultado. Quanto mais cedo você começar, mais cedo se tornará um ser livre das suas emoções pesadas. A verdadeira liberdade é esta.
No início a gente se esquece; mas aos poucos acaba constatando que chegou ao ponto de ver a emoção chegar. Você poderá dizer com um certo senso de humor: "Lá vem ela de novo!" Este será um excelente sinal de sucesso. Você não pode se livrar de todo da raiva, mas pode fazer com que ela se transforme em sentimentos de amizade ou mesmo de amor. E, aos poucos isto se transformará numa segunda natureza. Você começará a irradiar paz e serenidade em torno de você, sobretudo se paralelamente praticar diariamente o relaxamento do corpo.
Você obterá ainda mais alegria e harmonia na sua existência, se além de lidar com estas emoções cultivar altos sentimentos humanos, tais como a alegria, o amor, a compaixão e a equidade. A alegria de compartilhar felicidade com as pessoas. O amor no sentido de querer a felicidade das pessoas ao seu redor; a compaixão significando o sentimento e o ato de ajudar o outro a aliviar o seu sofrimento. E a equidade no tratamento igual de todos os seres deste universo, sem nenhuma preferência por um ou outro. Assim você terá adquirido a paz do coração, além da paz do corpo.
A PAZ DE ESPÍRITO
Mas mesmo tendo adquirido a paz do corpo e a paz no nível das emoções, isto é, a paz de coração, a sua mente continua agitada, gerando uma hiperatividade no mundo externo e uma invasão, para não dizer uma inflação, de pensamentos: idéias, imagens, formas, símbolos, memórias desfilam, numa dança incessante. No fim do dia você só tem uma vontade, de ir para cama e dormir.
Esta é a atividade típica da sua mente com as suas infinitas produções e funções bastante úteis para o nosso cotidiano. A mente nos permite raciocinar, lembrar, apreciar, comparar, julgar, decidir, avaliar, nos defender. A mente existe para, entre outras funções, defender a nossa existência. Só que de vez em quando ela nos atrapalha bastante por funcionar demasiadamente, sobretudo se fomos educados para ser um intelectual e hipertrofiamos esta função.
Embora uma atividade normal do espírito, em certas ocasiões ela gera emoções destrutivas.
Basta, por exemplo, se lembrar de um inimigo seu, e você fica com raiva.
E, com tudo isto, perdemos a paz de espírito. A mente, gerada pelo espírito, acaba obstruindo a nossa via de acesso a paz natural, caraterística do próprio espírito. E assim, perdemos o controle de nós mesmos.
Mais ainda, existe um aspecto muito sutil do pensamento, pois sua natureza é de tudo dividir. O conceito de "EU" divide a nossa percepção em duas partes: eu e o mundo, o espaço interior e o espaço exterior, eu e os objetos e assim por diante.
Na realidade esta divisão é ilusória, pois a ciência nos ensina que tanto o ser humano como todos os objetos e mundo ao seu redor são constituídos de energia, sendo da mesma energia. Assim senso nada é separado neste nível de compreensão da verdadeira natureza das coisas.
Esta ilusão ou fantasia é que constitui a causa primordial de todos os nosso problemas.
Pois por causa desta miragem da separação, nos apegamos a tudo que nos dá prazer, evitamos ou rejeitamos tudo que nos causa dor, e ficamos indiferentes ao que nos causa nem prazer nem dor. Isto se refere a coisas, pessoas ou mesmo idéias.
Esta é a raiz da raiva, da possessividade e da indiferença. Por exemplo, porque estamos percebendo o mundo como exterior a nós, exploramos a natureza do nosso Planeta até não sobrar mais nada.
A possessividade dos madereiros e o seu apego ao lucro sem fim, causam a devastação das florestas tropicais.
Mas pode-se observar o mesmo apego e suas conseqüências nefastas bem juntinho de nós mesmos, dentro de cada um. O exemplo mais clássico é o que acontece no início de um namoro. Ele e ela se encontram pela primeira vez; trocam carinho, acham gostoso e na hora de se despedir um pede ao outro o seu número de telefone ou ainda marcam encontro para o dia seguinte; neste momento é o sinal de que já se apegaram um ao outro, querem a continuidade do prazer.
O apego irá então se manifestar sob várias formas; eles vão ficar ansiosos e com medo de não se encontrar ou com ciúmes por ignorar si existe outro ou outra. Se um chegar muito atrasado no encontro o outro ficará com raiva ou, no mínimo, ressentido.
Se soubessem que não estão separados, mas originados e constituídos da mesma essência, o próprio apego cairia por si só, pois é a energia se apegando a ela mesma. Na espera do novo encontro cada um cuidaria das suas coisas e dos seus afazeres, sem expectativa nem medo, com abertura total a tudo que vier acontecer. Se cada um vier, será uma nova alegria; se um falhar, não vai haver decepção pois não se esperou nada.
Como então dissolver esta ilusão de separatividade, já que ela é a fonte última de todo sofrimento ?
As tradições multimilenares, tanto do oriente como do ocidente, nos dão uma resposta bastante clara a respeito. Elas aconselham o recolhimento no silêncio. Isto pode ser entendido como o silêncio de um mosteiro. Realmente, para alguns mais engajados isto é uma solução que leva mais rápido ao silêncio interior, desde que acompanhado de meditação precedida ou ajudada pela oração conforme a orientação dada pela tradição espiritual de cada mosteiro.
Mas não há necessidade de se refugiar num mosteiro ou numa gruta do Himalaia, para sair da ilusão da dualidade. Isto pode ser feito através da meditação diária, uma ou duas vez por dia, de manhã e ou à noite.
Meditar consiste em ficar quieto, se recolher, se adentrar e deixar passar os pensamentos e as emoções que aparecem na mente. Neste ato de tranqüilizar a mente, aparece a verdadeira natureza do Espirito em que inexiste separação, pois se vivencia a indivisibilidade do espírito pessoal e do espírito do universo. A nossa consciência é percbida pela mente individual, o universo é autoconsciente; é a Auto Consciência do Universo, ela é representada no meio do círculo da Arte de Viver em Paz, mais abaixo deste texto.
Inexiste separação entre as duas consciências; elas são uma só, absolutamente indivisíveis.
Existem muitos cursos de meditação à sua disposição. Faça uma escolha prudente e lúcida, informe-se antes de tomar uma decisão junto de amigos ou conhecidos competentes, sobre a idoneidade e competência do professor ou instituição.
Mas se você tiver a felicidade de encontrar um verdadeiro mestre realizado e plenamente desperto, será a melhor solução. Enquanto isto não acontecer, siga uma formação de Yoga, de Tai Chi ou ainda de Meditação, além de tudo que já foi recomendado acima.
A verdadeira paz de espírito se encontra no espaço entre dois pensamentos, lá de onde saem e para onde voltam os pensamentos. É este espaço que a prática da Meditação lhe ajudará a descobrir de modo vivenciado.
A ARTE DE VIVER EM PAZ COM OS OUTROS, UMA QUESTÃO DE ECOLOGIA SOCIAL
Se despertarmos a paz dentro de nós, conforme as recomendações da primeira parte desta explanação, seremos aptos a viver em paz com os outros, isto é, com os familiares, os amigos, e assim por diante.
Mas a ecologia social exige de nós uma consciência e uma vigilância constante se queremos ser verdadeiros cidadãos do mundo em que vivemos. Assim sendo, precisamos levar em consideração a cultura que nos influencia o tempo todo, a vida social e política, além disto os aspetos econômicos, como por exemplo a nossa relação com o dinheiro.
A PAZ NA CULTURA
Precisamos em primeiro lugar definir o que entendemos por cultura de uma determinada sociedade.
A cultura é um conjunto de normas, de leis jurídicas, de costumes, de produções literárias e artísticas, de hábitos que caraterizam a sociedade, a diferenciam ou se assemelham a uma outra sociedade e ditam a maneira de ser de cada um dos seus cidadãos. Por exemplo, enquanto o inglês, para cumprimentar um amigo acena com a cabeça, o indiano se curva e junta as mãos, o francês dá as mãos e o brasileiro dá um abraço com o seu corpo inteiro.
A cultura por conseguinte dita o que é que deve ser considerado como normal. Ora, nem tudo que é visto como sendo normal é sadio e construtivo. Por exemplo; fumar era ainda há pouco tempo considerado como normal, inclusive o fato de aspirar a fumaça dos outros.
Hoje o ato de fumar é considerado como anormal e nocivo. Assim como o mostra este exemplo, há muitos hábitos ou mesmo leis que ditam normas, mas são na realidade nocivos à saúde, a harmonia e a paz.
Por isto que cuidar da paz na cultura, exige do cidadão uma vigilância constante e permanente, em duas direções simultâneas.
De um lado ele precisa constantemente estar consciente dos aspectos em que ele mesmo se deixa levar pela cultura em que vive, decidindo se isto lhe convêm do ponto de vista ético. De outro lado, naquilo que não convém seguir do ponto de vista da ética, ele poderá, se assim o quiser ou puder, atuar para modificar os aspectos nocivos da cultura.
Por exemplo, é normal comer açúcar refinado, pois todo mundo o faz. Mas se você descobrir que isto afeta os seus dentes e seus ossos e que o açúcar mascavo é mais saudável e nutritivo, será um ato consciente e bastante razoável se limitar a consumir açúcar mascavo.
Outro exemplo...atualmente é normal assistir os programas violentos na TV, mas se você descobrir que isto lhe torna pessoalmente tenso e lhe tira a paz interior, você pode decidir parar de assistir os filmes de terror.
Se além disto você tomar conhecimento das pesquisas da UNESCO sobre a influência destrutiva dos programas violentos na TV sobre as crianças, você pode decidir aderir a um movimento para reduzir estes programas ou mesmo procurar o deputado da sua região pedindo para apresentar um projeto de lei neste sentido.
Tudo isto poderá ser feito de modo calmo e harmonioso, isto é, sem perder a paz pessoal.
A PAZ NA VIDA SOCIAL E POLÍTICA
Desde muito cedo na nossa infância, estamos estimulados a disputar vagas, prêmios, medalhas, lugares com os irmãos, colegas de escola e de trabalho. Vivemos num mundo de competição que leva aos conflitos, violências e guerras.
Se você quer contribuir para um mundo de paz, comece por examinar o quanto você mesmo se deixa levar por esta competição desenfreada, muitas vezes sem necessidade. Diminuindo a sua luta permanente pelo poder na família, no trabalho e até nos jogos esportivos, você viverá mais em paz com os outros e poderá fazer a sua contribuição para a paz social.
Se for pai, mãe ou educador, introduz jogos cooperativos no seu arsenal de brinquedos e tira os brinquedos de violência e guerra que levam a criança a considerar o ato de matar e a guerra como algo norma.
E se você se considerar como sendo um cidadão livre e consciente, tomará bastante cuidado para evitar se deixar embarcar em movimentos ideológicos que criam hostilidade e conflitos violentos com tudo que não adere e não comunga com eles. Pois uma das causas de brigas entre pessoas ou grupos, e de guerras civis ou internacionais costuma ser a intolerância ideológica, seja ela de ordem política, religiosa ou filosófica.
Se você quiser ficar em paz com os outros, seja tolerante com quem tiver opiniões políticas e religiosas ou outras idéias diferentes das suas.
A PAZ ECONÔMICA
Uma das maiores fontes de conflito e violência é a disputa da posse de bens materiais, mais particularmente pelo dinheiro.
Também podemos considerar como motivo de perda da paz interior, toda preocupação exagerada pelo dinheiro, resultado de uma das emoções destrutivas já citadas, o apego e a possessividade.
Quem passa fome por não ter emprego ou por ter perdido o seu, tem um motivo bastante justificado de se preocupar em ganhar dinheiro. Para os excluídos, a necessidade de ganhar dinheiro é uma necessidade vital e fora de qualquer espécie de contestação.
O que estamos procurando apontar aqui, são os cidadãos que procuram desesperadamente, sem nenhuma razão objetiva, tornarem-se ricos e poderosos; apontamos também os que já se encontram nesta situação e querem cada vez mais, numa busca infinita.
O que eles têm em comum é a perda da paz por causa de uma vida agitada, de um trabalho, que só pode os levar para o estresse e a doença. Eles fazem parte de um sistema econômico que os leva a consumir cada vez mais.
Se você sentir que está preso nesta engrenagem, qualquer que seja o seu nível econômico, dê uma paradinha para examinar a situação.Procure então ficar plenamente consciente de quais são as suas verdadeiras necessidades e qual o conforto essencial para você.
Durante este exame você talvez vai descobrir que suas metas são exageradas e que na realidade você não precisa de tantos bens para viver feliz e em paz.
Você talvez chegue a conclusão que está se acabando nesta busca insana ou que poderia gastar o seu tempo com os que você ama ou ainda consagrando este para fazer o que você sempre sonhou, como por exemplo viajar ou mais simplesmente ainda, contemplar o pôr de sol...
O cidadão dentro de você talvez descubra também que milhões de pessoas do terceiro mundo resolverem, depois de um exame de consciência, entrar num movimento de simplicidade voluntária. Ao reduzir o seu consumo ao mínimo necessário, eles estão contribuindo para diminuir o consumo e através desta diminuição reduzir os estragos causados pela destruição sistemática da vida no Planeta.
Isto será uma grande contribuição para Ecologia da Natureza, da qual iremos tratar a seguir.
A ARTE DE VIVER EM PAZ COM A NATUREZA. UMA QUESTÃO DE ECOLOGIA AMBIENTAL
Viver em paz com a natureza, é fundamental para a nossa própria sobrevivência, pois o ser humano está cometendo um suicídio coletivo, levando consigo a vida do planeta Terra.
Pensava-se antigamente que os recursos da Terra eram inesgotáveis. Hoje se sabe que eles tem fim e estão se esgotando rapidamente.
Já falamos das medidas econômicas que cada um de nós pode tomar para dar a sua contribuição pessoal. Esta contribuição pode ser estendida a ações práticas que dependem de sentimentos de solidariedade próprios à cidadania planetária. É isto que vamos abordar a seguir.
Com esta finalidade vamos considerar a natureza sob três aspectos principais que encontramos em todos os sistemas do Universo: A matéria, a vida e a informação ou programática.
A PAZ COM A MATÉRIA
Viver em paz com a matéria consiste essencialmente em viver em harmonia com os seus elementos, a terra, a água, o fogo, o ar e o espaço.
Esta harmonia é muito mais essencial do que estamos pensando, pois nós também somos feitos destes elementos, se poluímos a terra com agrotóxicos, em pouco tempo os nossos ossos serão poluídos pois os nossos ossos são feitos de terra que o nosso corpo absorve através do cálcio dos alimentos. Do mesmo modo, se poluírmos o ar que respiramos vamos afetar a nossa saúde. O mesmo é verdade para a água. O uso indevido do fogo como a queima das nossas florestas, aumenta o gás carbônico do ar provocando o efeito estufa que aumenta o calor (do fogo) e derrete a calota polar fazendo subir o nível dos mares. Até o espaço está sendo poluído com irradiações atômicas e outras.
Por todas estas razões, viver em paz com a matéria consiste em cada um de nós evitar poluir os seus elementos.
Se além destas razões intelectuais, você amar profundamente a Terra como a Mãe que nos nutre e nos hospeda, então você terá conseguido a atitude mais adequada para ser um protetor da natureza.
A PAZ COM A VIDA
O mesmo podemos dizer da vida. Você, amando a vida sob todas as suas formas, terá consequentemente o respeito por ela.
Respeitar a vida consiste em evitar arrancar flores ou pisar em insetos, evitando matar animais inutilmente. Existem pessoas que deixaram de comer carne para não fazer sofrer os animais, elas se tornaram vegetarianas. As nações Unidas recomendam o regime vegetariano por uma outra razão ainda, a proteção das matas virgens devastadas para por pastos para gado candidato a hamburgers, e das culturas de grãos. Segundo os cálculos feitos, diminuindo o consumo da carne, só nos EUA em dez por cento, daria para alimentar em grãos, toda a população faminta do mundo.
As razões aventadas para harmonizar com a matéria, valem também para a vida, pois temos vida dentro de nós e se trata da mesma vida que existe fora.
O mesmo se dá com a informação e a programação do Universo. É o que vamos examinar a seguir.
A PAZ COM A PROGRAMAÇÃO DA NATUREZA
A tese segundo a qual o Universo é auto-consciente, o planeta Gaia é um ser vivo e que os programas e a informação genética assim como a nossa própria inteligência são a expressão desta consciência e espírito do Universo, está caminhando nos meios de ciências de ponta, a passos largos.
Aceitando esta tese, podemos aplicar o mesmo princípio que usamos para a matéria e a vida.
Do mesmo modo que há a mesma matéria e a mesma vida dentro e fora de nós, da mesma maneira existe inteligência e plano dentro e fora de nós, pois se trata da mesma inteligência.
Por isto podemos nos perguntar se não será perigoso intervir na programação atômica da matéria e genética da vida, pois esta intervenção está desorganizando a programação e interferindo na inteligência do próprio Universo, com conseqüências imprevisíveis para a própria humanidade. O que está acontecendo com a intervenção na programação atômica já fala por si só. O que dizer então da clonagem e do programa renome no nível genético?
Será que os indiscutíveis benefícios compensam os riscos destrutivos ainda pouco conhecidos? Temos direito de esperar o futuro para poder julgar, sabendo que estamos pondo em risco a vida dos nossos filhos e netos? O que iremos responder a eles, se nos perguntarem por que não fizemos nada, apesar de termos sérias dúvidas quanto aos riscos?
Deixamos estas perguntas para cada um de vocês, para que possam se situar em relação ao assunto e apoiar os líderes políticos que levantam estas questões e propõem soluções legais fundamentadas em estudos e pesquisas sérias ou opiniões abalizadas de autoridades competentes.
CONCLUSÃO: SEJA UM BEIJA FLOR DA PAZ
Diante da magnitude e complexidade dos problemas da nossa época e civilização, muitas são as pessoas desanimadas, achando que não tem nem competência, nem poder para resolvê-los, elas acham que isto é atribuição dos governos ou dos organismos das Nações Unidas, mas isto é apenas um aspeto da questão.
O outro está ilustrado por uma bonita historia indiana.
É a história de um beija-flor que estava no meio de um incêndio da floresta em que vivia.
Todos os animais estavam fugindo apavorados, menos ele; o passarinho tirava gotinhas de água de um lago e as jogava no fogo; repetia este comportamento sem cessar; até que uma coruja intrigada perguntou: "Beija-flor, você enlouqueceu? Você está pensando que vai apagar o incêndio, jogando gotinhas de água no fogo?" Respondeu o beija-flor com a maior calma do mundo: "Eu não vou apagar o incêndio, mas estou fazendo a minha parte."
Se você quiser realmente viver em paz, pratique a ecologia interior, social e ambiental. A sua existência irá melhorar de uma maneira que você nunca sonhou.
Para obter tal resultado, aplique com assiduidade as preciosas recomendações desta explanação; faça a sua parte.
Nota:
O presente texto é uma contribuição da UNIPAZ - Universidade Holística Internacional de Brasília e da Fundação Cidade da Paz, para a direção, funcionários e clientes do Banco do Brasil. Pierre Weil
O presente texto é uma contribuição da UNIPAZ - Universidade Holística Internacional de Brasília e da Fundação Cidade da Paz, para a direção, funcionários e clientes do Banco do Brasil. Pierre Weil